Prof. José Carlos Borges
A serra Catarinense é muito rica em lindas
paisagens de tirar o folego, mas é também muito rico em histórias, lendas e
crendices populares. Um bom exemplo, são os mistérios que cercam a região do
Campo dos Padres e arredores entre os municípios de Anitápolis e Urubici.
Uma região de encantar os olhos com paisagens europeias,
repleta de cânions e cachoeiras, florestas de araucárias e nos campos cercados
por taipas, (muros rústicos de pedra).
Entre as trilhas e pequenas estradas que cortam a
região existe uma atmosfera misteriosa, repleta de energia e misticismo. As
lindas paisagens exalam mistério. Tesouros escondidos nas lendas contadas pelos
moradores mais antigos e tesouros da natureza, em forma, cânions riscados por
cachoeiras, verdes vales a perder de vista, além disso construções e escritas
de nossos antepassados estão presentes em diversos locais.
Uma das lendas que tornam a região tão misteriosa
são os tesouros jesuítas. Baús, panelas e potes com barras de ouro e prata
enterrados entre as montanhas dos Aparados da Serra Geral. As histórias
passaram de geração em geração, caindo no imaginário popular, para muitos
existem tesouros escondidos, somente esperando os felizes exploradores a
encontrá-lo.
De certa
forma, essas crendices tem uma base histórica real, pois, os jesuítas foram
expulsos do Brasil no século XVIII por ordem do Marquês de Pombal, antes de
partirem, teriam enterrado parte do tesouro de suas ricas igrejas nas estâncias
dos Campos de Cima da Serra, por medo de ser confiscado pelo governo. Essas
histórias tornaram-se mais aceitas a partir da descoberta de algumas moedas e
artefatos por fazendeiros locais.
Além disso, a lenda deu origem a vários relatos de fortunas
enterradas por ricos fazendeiros em suas propriedades, verdade ou não, faz com
que várias pessoas saiam a caça desses tesouros esquecidos.
Na região do Campo dos Padres e Encostas da Serra
Geral também foi povoada por tribos indígenas xoclengues, conhecidos
tradicionalmente por bugres. Existem várias lendas e relatos sobre conflitos
entre indígenas e colonos, e até mesmo contatos, não tão pacíficos entre
indígenas e jesuítas.
Com a chegada dos primeiros colonos na região,
houve uma escassez de caça e alimentos como frutas e raízes, devido a coleta,
caça e devastamento para agricultura, pastagem e instalações dos colonos. Com
isso iniciaram as invasões dos bugres em propriedades em busca de alimentos,
costumavam pegar qualquer tipo de alimento que encontravam. Porém alimentos que
possuíam sal, era descartado, pensavam que estava estragado, pois não tinham
nenhum contato com o mesmo.
Com essas frequentes invasões houve o surgimento
dos bugreiros, rastreadores e matadores de índios, em nossa região os nomes
mais conhecidos são Zé Domingos, João Domingos e Ireno Pinheiro.
Esse fato é a parte mais cruel da história de nossa
região, pois os bugreiros eram contratados para matar os bugres; não importava
se era criança ou adulto, todos deveriam morrer. Após o massacre o bugreiro
retirava a orelha direita para provar que tinha feito o trabalho.
Em muitos locais, moradores afirmam que escutam
barulhos e gritos de indígenas e relatam ter visto vultos, das almas inocentes
que foram retiradas pelo homem dito “civilizado”.
Outra lenda local é a do “gritador”, um animal que
segundo moradores locais vivia na região do Campo dos Padres e arredores. Um
animal de grande porte, com um uivo apavorante e com patas tortas com formato
de foice, que atacava o gado e outros animais.
Por décadas foram relatadas aparições e vestígios
desse animal, especial por caçadores e moradores locais, tem pessoas que ainda
afirmam que esse animal vive na região e tenta amedrontar os caçadores.
Outra lenda popular é a do Guardião da Montanha da
Serra Geral, durante o dia o amontoado de pedras que se formou com a ação do
tempo fica imperceptível perante os olhos humanos, mas no entardecer e
amanhecer ele se revela, cuidando do vale encravado no paredão da Serra Geral,
existe algo realmente místico.
Muitos falam que ele era o protetor das tribos
indígenas que viveram naquela região, outros falam que é o protetor da Serra, e
que fica vigiando toda ação do homem.
Por fim as crendices populares dos tropeiros,
existem dezenas de história e relatos de trilhas, utensílios e moedas que foram
encontradas por moradores e que pertenciam aos tropeiros.
A região da
Serra Geral é cortada por trilhas que ligavam o Planalto Serrano com o Vale do
Braço do Norte e até mesmo a Capital Catarinense, por muitos anos serviu de
passagem em um movimento de Monção, de venda e troca de animais e objetos.
São vários os relatos de carroças carregada de ouro
e outros objetos que se perderam nas perigosas trilhas, além dos ataques de
saqueadores e indígenas. Até hoje existem moradores que procuram frequentemente
esses tesouros.
Grande parte dessas histórias não passam de
crendices populares, relatos sem fundamentação histórica comprovada. Mas afinal
de contas, o que torna a história tão interessante? É o simples fato dela ser
comprovada por algum tipo de documento, ou dela ser contada através do tempo por
meio de seus arranjos históricos/culturais.
“A HISTÓRIA É FEITA PELO HOMEM E PARA O HOMEM, A
CADA QUAL FAZ SUA HISTÓRIA”.
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