ANITÁPOLIS ENTRE VALES E MONTES
Anitápolis é um pequeno município
situado entre as encostas da Serra Geral e o Vale do Braço do Norte, riquíssimo
em cultura e belezas naturais, encanta a todos com suas belas paisagens e seu
povo hospitaleiro.
FIGURA: Anitápolis,
construção do Núcleo Colonial.
FONTE:< http://www.anitapolis.sc.gov.br/conteudo/?item=17886&fa=891#>
No
ano de 1907 inicia o processo de colonização do município de Anitápolis, que
serviria de Núcleo Colonial aos imigrantes europeus. O governo descobriu por
fontes confiáveis que havia terras produtivas na região, então contratou um
desbravador cearense chamado Cícero Rodrigues Brasil, um hábil conhecedor das
matas catarinenses.
Pouco tempo após sua contratação,
Cícero havia desbravado boa parte da região, fundado a sede do núcleo e divido
a região em várias secções, todas herdaram nomes de rios da região, Rio do
Ouro, Rio da Prata entre outros. Em um primeiro momento o Núcleo passou a
chamar-se Núcleo Colonial Lauro Muller, em homenagem a importante figura
política do cenário catarinense, após algum tempo a região passou a se chamar
Núcleo Colonial Rio da Prata, em homenagem ao rio da região que possui um aspecto
cristalino. Por fim a região passou a se chamar Núcleo Colonial Anitápolis em
homenagem a heroína dos dois mundos Anita Garibaldi.
Logo após a fundação do núcleo
chegaram os primeiros moradores, entre os esses podemos destacar as importantes
figuras de Pergentino Muniz, José Jacó Gedert e o Dr. Cisenando Mattos. O
núcleo era comandado pelo engenheiro-agrimensor Dr. Cisenando autoridade local
suprema, que comandava todas as ações do núcleo, e a este cabia distribuir as
terras e orientar as atividades agrícolas dos imigrantes, além de recolher os
pagamentos e organizar demais atividades do núcleo.
Com o passar dos anos o núcleo
melhora a infraestrutura e prospera, então no ano de 1911, começa a chegada das
grandes concentrações de imigrantes na região, esses vinham de todas as regiões
da Europa, tais como: Alemanha, Polônia, Espanha, Letônia, Rússia,
Tchecoslováquia, Inglaterra e Finlândia, assim predominando a cultura alemã.
Os imigrantes vinham de navio até o
Rio de Janeiro, então eram enviados em embarcações menores para Florianópolis.
A partir desse momento eram quatro dias de viagem em caravanas em cima de
carros de boi e mulas, até chegarem ao núcleo colonial. Em plena a eclosão da
Primeira Guerra Mundial, o fluxo migratório aumentou e o núcleo colonial por
vários anos passou receber mais de uma família por dia.
No ano de 1915, surgem as primeiras
dificuldades enfrentadas pelos imigrantes, tudo isso devido aos conflitos
corriqueiros com os nativos (bugres), falta de conhecimento no cultivo das
terras e o difícil acesso as regiões montanhosas, ocasionando um alto índice de
abandono de terras. Além disso, os imigrantes em sua maioria eram ferreiros,
carpinteiros, artesões, mineiros entre outras profissões, tinham pouco
conhecimento agrícola, o que ocasionou a migração para outras regiões, como a
região de Criciúma, onde trabalharam como construtores e mineiros e a região de
Ituporanga, onde encontraram terras mais produtivas e menos acidentadas para o
desenvolvimento da agricultura.
FIGURA: Prédio do
Patronato Agrícola de Anitápolis
FONTE:< http://www.anitapolis.sc.gov.br/conteudo/?item=17886&fa=891>
Devido
à implantação do Patronato Agrícola, o Governo Federal começa a olhar bons
olhos para Núcleo Colonial de Anitápolis, aplicando muita verba e fazendo com a
região prosperasse novamente. Para termos noção da importância desses
investimentos, entre os anos de 1916 a 1930, o que eram antes trilhas,
tornaram-se estradas, recebemos tecnologias inexistentes em algumas regiões da
época, tais como: linha telefônica Anitápolis/Florianópolis, telégrafo de
ultima geração, cinema improvisado, entre outros benefícios.
FIGURA:
Monumento do Combate da Garganta
FONTE:
http://www.anitapolis.sc.gov.br/conteudo/?item=29183&fa=891
Tudo fluía muito bem até a data de
16 de outubro de 1930, com a derrota de Getúlio Vargas nas eleições de 1930,
eclodiu uma insatisfação politica que resultou em um Golpe de Estado.
Insatisfeitos, parte dos revolucionários gaúchos viajaram por mar em direção ao
Rio de Janeiro, capital do Brasil naquela época. Outro contingente marchou em
direção a capital catarinense, a única ligação do Sul do estado com a capital
Florianópolis era feita pela Serra da Garganta em Anitápolis. Ludibriados pelo
governo, moradores do núcleo, juntamente com soldados de Florianópolis armaram
um cerco para conter o avanço dos legalistas. Os gaúchos souberam da emboscada
e atacaram de surpresa contornando a montanha, onde o ocorreu o combate.
FONTE: <http://www.anitapolis.sc.gov.br/conteudo/?item=17886&fa=891>
Após
essa ofensiva e com o consolidamento da revolução, Anitápolis foi riscado do
mapa, o Patronado foi transferido para outra região e nossos meios de
comunicação por vários anos se restringiram somente a agência postal. Em
questão de anos o núcleo aos poucos foi se desfazendo, os lotes desvalorizaram,
as dividas aumentaram e a emigração do núcleo foi significativa. A região
voltou a receber recursos e financiamento somente após sua emancipação em 1961,
através da Lei 789/61 elevando assim a categoria de município.
Atualmente
Anitápolis possui pouco mais de 3 600 habitantes, menos da metade dos moradores
da época em que era Núcleo Colonial, as principais economias do município são
os aviários e agricultura, tem um grande potencial turístico e encanta a todos
com suas belas naturais e seu povo hospitaleiro.
REFERÊNCIAS
DALL’
ALBA, João Leonir. O Vale do Braço do
Norte. Orleans, SC: Ed.
do Autor, 1973.
LEMOS,
Valmir. Tombados e Esquecidos. Blumenau,
SC: Ed. Nova Letra,2003.
Olá, Professor Zeka. Prabéns pelo trabalho de divulgar a história de Anitápolis.
ResponderExcluirSou bisneta de Cícero Rodrigues Brasil e neta de Salvio Rodrigues Brasil, que foi considerado herói da Garganta (1930).
A família Brasil é muito grande. A maioria mora em Florianópolis.
Eu moro em São Paulo e ano passado estivemos em Anitápolis junto minha mãe, que foi homenageada pelos alunos da Escola Municipal, que tem feito um belo trabalho de recuperação da história de Anitápolis. Foi aprovado a colocação de dois bustos (Cícero e Salvio) na praça. Dos doze filhos de Salvio Brasil, oito ainda estão vivos. Ficamos muito felizes pela divulgação do nome dos nossos antepassados que, de alguma forma, contribuíram para a história de Santa Catarina. abraço.
Obrigado, minha flor. Temos que preservar nossa história.
ExcluirProfessor seja!
ResponderExcluirMinha história, no Brasil, inicia com a vinda da família Thiede em 1909, da cidade de Magdeburg, Alemanha. O navio Frisia, foi o seu meio de transporte. Estavam na lista de passageiros, o casal Thiede e seus 3 filhos, Johanne (minha avó paterna), Suzanne e Karl. Foram assentados em Anitapolis-SC. Qualquer informação que agregue à essa história, seria Para mim, de suma importância.
Muito obrigado!
c.albertocordeiro1956@gmail.com